A arquitetura desconstrutivista carrega muitos conceitos e obras de grande relevância para a história da arquitetura. Conheça mais sobre a origem desse termo e como aplicar seus conceitos em projetos.
O termo desconstrutivismo não está presente no dicionário, mas em seu sentido literal pode ser compreendida como sinônimo de desmonte, demolição ou deformação. Aplicado à arquitetura, o desconstrutivismo está associado à liberdade formal, distorção, desmonte daquilo que é padronizado.
Obras consideradas desconstrutivistas ainda hoje ressaltam aos olhos das pessoas, destoam no convencional visto dentro das cidades. Esse modelo construtivo tem como base conceitual estudos filosóficos e busca referências em diferentes estilos arquitetônicos.
A seguir, apresentamos mais sobre esse tema, abordando suas origens, seus precursores e suas principais características. Boa leitura!
Como surgiu a arquitetura desconstrutivista?
O precursor do termo, desconstrutivismo, foi o filósofo Jacques Derrida, na década de 80. Os pensamentos de Derrida iam muito além da arquitetura, suas ideias de desconstrução colaboraram com a releitura sobre vários conceitos e princípios já preexistentes em aspectos filosóficos, literários, políticos e intelectuais.
Na arquitetura, esse pensamento foi aplicado à ideia de fragmentação das construções, investigação da composição e complexidade das formas geométricas, sempre potencializado a possibilidade de uso do local.
Assim, o desconstrutivismo tem em sua história inspiração tanto no construtivismo Russo, que rompia com padrões clássicos de construção, como características do modernismo, que valorizava a funcionalidade.
O que é a arquitetura desconstrutivista?
Apesar de conter características marcantes, o desconstrutivismo não é considerado um movimento ou estilo arquitetônico. Dessa forma, os projetos assim nomeados não possuem regras ou padrões construtivos que os classifiquem de forma unitária.
O desconstrutivismo tem um caráter subversivo, podendo ser, com isso, polêmico. A desconstrução na arquitetura é representada por formas pouco tradicionais, volumes sinuosos e materiais que destoam e criam uma grande obra artística a céu aberto.
Assim, a arquitetura desconstrutivista pode ser caracterizada como uma manifestação de arte por meio da arquitetura que busca a fragmentação, explorar formas e criar reflexões acerca dos padrões construtivos.
Quais os principais diferenciais do desconstrutivismo?
Não há formas de estipular o que pode surgir a partir de uma ideia desconstrutivista, podendo haver inovação a cada novo projeto. A partir de uma análise apenas de volumetria e dos materiais é possível observar algumas breves similaridades entre obras desse gênero, tais como:
- Volumes atípicos;
- Planos deformados e com torções;
- Formas não retilíneas;
- Falta de simetria;
- Multiplicidade no uso dos materiais que permeiam ou se destacam a seu entorno;
Essas são algumas das características observadas em diferentes projetos considerados desconstrutivistas e constam em obras de artistas precursores desse modelo construtivo.
Principais arquitetos e suas obras
A seguir, apresentamos alguns dos arquitetos que são referência na arquitetura desconstrutivista e que foram figuras importantes para o reconhecimento e propagação desse conhecimento.
Peter Eisenman
Peter Eisenman, um dos maiores teóricos da arquitetura do século XX, é um dos principais precursores do desconstrutivismo. O arquiteto era amigo próximo de Derrida o que proporcionou a oportunidade de acompanhar de perto o desenvolvimento das ideias do filósofo.
As obras de Eisenman ficaram conhecidas pelas suas formas e significados, assim como uma arquitetura experiencial.
Dentre suas obras mais famosas estão a Casa VI, o Centro Wexner para as Artes e a Cidade da Cultura da Galícia.
Frank Gehry
Um dos nomes mais famosos ao se tratar de arquitetura desconstrutivista é Frank Gehry. O arquiteto e designer é também um dos mais famosos em sua área no século XX. Seus projetos são referência no âmbito do desconstrutivismo. Dentre os mais famosos está a casa dançante, um prédio de escritório no centro de Praga, na República Checa. O prédio possui fachadas completamente atípicas, parece estar a todo tempo buscando por espaço dentre as demais edificações.
Outras obras populares e que são ótimos exemplos da arquitetura desconstrutivista são o Museu Guggenheim em Bilbao e a Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles.
Zaha Hadid
Zaha Hadid é uma das arquitetas mais renomadas do mundo. A arquiteta acreditava que a busca pela beleza não era tudo e que o papel fundamental da arquitetura era despertar sentimentos.
Seus projetos possuem características únicas, unem a monumentalidade e fluidez e muitos deles traduzem também o conceito de arquitetura desconstrutivista.
Dentre seus projetos mais famosos está o Galaxy Soho em Pequim, formado por quatro grandes estruturas esféricas interligadas por pontes e o Centro Heydar Aliyev, conhecido por suas fachadas sem planos retos, apenas feitas de curvas em diferentes inclinações.
Como se inspirar no desconstrutivismo em seus projetos
Se inspirar no desconstrutivismo para a concepção de projetos pode ser um caminho para inovação e uma marca de personalidade. A partir dos conceitos e dos principais diferenciais desse modelo construtivo é possível ampliar as perspectivas para a elaboração de projetos, principalmente, quando se tratando de projetos arquitetônicos partindo do zero.
As formas são uma das características mais marcantes do construtivismo, por isso, criar volumetrias curvas, sobreposições ou formas assimétricas, são meios de remeter às formas atípicas desenvolvidas a partir dos conceitos de Jacques Derrida sobre a desconstrução.
A junção da filosofia e da arquitetura pode gerar conceitos que podem se materializar em obras e na concepção de espaços mais funcionais e que agreguem valor crítico e estético a seu meio. Por isso, conhecer mais sobre essa conciliação amplia a visão sobre as artes e a arquitetura.
Se gostou do nosso post, compartilhe com seus amigos e difunda mais sobre uma das vertentes da arquitetura.